sábado, 14 de março de 2009

Provas de Filosofia

Provas de Concursos e de Vestibular

Professor de Filosofia - Estado MT - CESPE / UnB - 2007

Prova Objetiva

Texto para as questões de 26 a 30:
Há, na prática democrática e nas idéias democráticas, uma profundidade e uma verdade muito maiores e superiores ao que a ideologia democrática percebe e deixa perceber. Dizemos que uma sociedade - e não um simples regime de governo - é democrática, quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da república, respeito à vontade da maioria e das minorias, institui algo mais profundo, que é condição do próprio regime político, ou seja, quando institui direitos. (Marilena Chauí. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995, p. 430 (com adaptações).

QUESTÃO 26
Tendo em vista os assuntos abordados no texto, bem como as noções de democracia, ética e política, assinale a opção correta.
A - Timocracia, na Grécia antiga, é o mesmo que Monocracia, pois ambos os termos se referem ao governo unificado.
B - Na democracia grega antiga, mulheres, escravos, estrangeiros, pessoas de classe social inferior, simples soldados e camponeses pobres não participavam dos benefícios da cidadania.
C - Oligarquia é a forma de governo que reúne os melhores cidadãos para o exercício do governo.
D - Na ética a Nicômaco, Aristóteles entende que a melhor constituição de governo é a democracia e a pior é a monarquia.

QUESTÃO 27
Com relação ao confronto entre doutrinas democráticas, assinale a opção correta.
A - A democracia iniciou-se na Grécia antiga, como ideal do melhor governo, e continua com a mesma estrutura até hoje.
B - Fascismo, nazismo e integralismo são doutrinas socialistas totalitárias, opostas ao moderno sentido de democracia.
C - O contrário de democracia é a plutocracia, em que há o governo dos melhores e a preponderância dos ricos.
D - O marxismo não é uma doutrina comunista e sim, socialista, pois Karl Marx estudou uma doutrina sobre o bem-estar da sociedade.

QUESTÃO 28
Com relação à autonomia e à liberdade, assinale a opção correta.
A - Para Kant, a liberdade é a dependência do querer da causalidade fenomênica e a sua capacidade de determinar-se pela pura razão, isto é, em desobediência à lei moral.
B - Para Sartre, porque a essência precede a existência, o homem é totalmente livre, sendo tal qual ele projetou ser.
C - Tendo em vista a liberdade de pensamento e de ação, um indivíduo pode pensar mal do outro sem razão suficiente, mas não pode suspeitar.
D - Para Hegel, a liberdade é a autodeterminação da subjetividade, que implica uma vontade livre não apenas em si (no sentido geral), mas para si (no sentido individual).

QUESTÃO 29
Com relação ao correto uso da moral, assinale a opção correta.
A - O saber ético trata do agir do ser humano, tendo em vista qualquer fim que se proponha a executar materialmente.
B - Segundo o pensamento aristotélico-tomista, a ciência moral considera as ações humanas ordenadas para a realização do fim último, entendido como a busca da felicidade pela plena realização da natureza humana.
C - A alienação moral é uma das possibilidades morais da ética, sendo válido o seguinte princípio moral: "Não há princípio moral", fundamentado na liberdade humana.
D - O saber ético trata da aquisição do conhecimento teológico transcendental, considerando o homem um ser religioso.

QUESTÃO 30
Tendo em vista as correlações entre ética e política, julgue os itens seguintes.
A - Platão relata, no mito da caverna como alegoria da realidade, que alguém tem a missão de resgatar os seus irmãos. Essa pessoa é o político.
B - Segundo Maquiavel, no seu livro O Príncipe, o governante tem que assegurar e manter o poder político. Desenvolve, então, uma teoria em que os meios justificam os fins, afirmando que a principal qualidade do príncipe é a virtude.
C - Para Aristóteles, o correto agir principia na esfera individual, com a "ética"; passa para a família, com a "economia"; e culmina na sociedade, com a "política".
D - A ética e a política são duas ciências independentes; a ética trata dos costumes e a política dos hábitos.

QUESTÃO 31
A filosofia é entendida como uma ciência universal que procura a razão mais fundamental, ou seja, as causas primeiras de todas as coisas. Com relação ao conhecimento e às ciências, em confronto com a filosofia, é correto afirmar que:
A - o mito, tanto na Grécia antiga como atualmente, encerra o sentido da filosofia, que é dar uma explicação para tudo, mesmo que, para isso, tenha que construir idéias fantasiosas e irracionais.
B - a filosofia serve-se também do senso comum para intuir explicações sobre a realidade, mas com ele não se confunde.
C - a filosofia é a ciência que fundamenta as opiniões dos indivíduos, não importando se elas são ilógicas ou inconseqüentes.
D - tanto a filosofia como a teologia são conhecimentos causais, racionais, teóricos, universais e teleológicos.

QUESTÃO 32
A respeito da ciência e da tecnologia, em confronto com a filosofia, assinale a opção correta.
A - Theodor Adorno entende que o ser humano passou por três estados: o teológico, o metafísico e o positivo.
B - Desde Hegel, a forma de organização política ideal é aquela em que o poder cabe aos técnicos, aos dirigentes das indústrias e aos altos funcionários.
C - A filosofia moral nada tem a ver com a ciência nem com a tecnologia.
D - Criticando o homem possuidor de uma visão unidimensional, Marcuse entende que a tecnologia pode ser uma forma de controle e de dominação social.

QUESTÃO 33
A respeito da relação entre filosofia e estética, assinale a opção correta.
A - Um dos objetivos da arte é explorar novas formas de expressão.
B - A pintura é arte tridimensional, pois além da altura e da largura, possui a profundidade de campo.
C - A arte só é arte se for mimética, ou seja, se copiar a natureza, não tendo valor estético aquela arte que pretende ser essencialmente ideal.
D - Tomás de Aquino define o belo como o que mais se aproxima das qualidades da divindade.

QUESTÃO 34
Considerando as seguintes premissas: "Nenhum bípede é quadrúpede; Ora, algum cavalo é quadrúpede; Logo..." A conclusão correta, pela regras do silogismo, é que:
A - nenhum bípede é cavalo.
B - algum quadrúpede não é cavalo.
C - nenhum bípede é quadrúpede.
D - algum cavalo não é bípede.

QUESTÃO 35
Considerando as seguintes premissas: "Se Pedro não ama ao próximo que ele vê, ele não ama a Deus que ele não vê; Ora, Pedro ama a Deus que ele não vê", assinale a opção correta.
A - O silogismo é do tipo categórico, portanto dedutivo.
B - O silogismo é da primeira figura e do terceiro modo.
C - A conclusão formal e materialmente correta é: Pedro não ama a Deus que ele não vê.
D - A conclusão formalmente correta do silogismo supra é: Pedro ama o próximo que vê.

QUESTÃO 36
Com respeito à correlação entre filosofia e ciência, assinale a opção correta.
A - O conhecimento científico busca as razões mais fundamentais de todas as coisas e pretende ser objetivo, preciso e seguro.
B - O conhecimento filosófico é também teleológico.
C - O conhecimento mítico aparece quando se tem uma massa em crise, que resulta em uma emotividade que conduz a conclusões metódicas e racionais.
D - A ciência é um conhecimento metódico e racional; a filosofia é um conhecimento sem método e supra-racional.

Texto para as questões de 37 a 39
As contribuições mais duradouras dos grandes filósofos são as ferramentas de pensamento, os métodos e abordagens que inventam ou descobrem e que, muitas vezes, sobrevivem às teorias e sistemas que constroem ou aos que procuram demolir com essas ferramentas. (Nicholas Fearn. Aprendendo a Filosofia em 25 lições. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004, p. 7.)

QUESTÃO 37
Considerando o texto acima, assinale a opção correta.
A - Embora Derrida julgue que a desconstrução não é um método, a mesma pode ser empregada para o entendimento da realidade.
B - Schopenhauer faz filosofia destruindo os conceitos; por isso se diz que ele faz filosofia a marteladas.
C - Kant entende que as entidades não devem ser multiplicadas sem necessidade; a esse princípio costuma-se chamar de navalha de Kant.
D - O iluminismo francês inspira-se em Protágoras ao entender que o homem é a medida de todas as coisas, não só daquelas que são o que são mas daquelas que são o que não são.

QUESTÃO 38
Ainda considerando o texto, assinale a opção correta.
A - Tendo em vista a dialética, Hegel entende que a missão da filosofia está em conceber o que é, porque o que é, é a razão, ou seja, o que é racional é real e o que é real é racional.
B - O monismo de Espinoza caracteriza-se pela noção de um Deus pessoal e religioso, não sendo um princípio metafísico.
C - A estética transcendental, para Kant, trata da Teoria do Belo e das Belas Artes.
D - Sartre, ao entender que a existência precede a essência, acredita na preexistência de uma divindade que a tudo criou e da qual se originou a própria existência.

QUESTÃO 39
Ainda considerando o texto, assinale a opção correta.
A - Martin Heidegger retoma a valorização da visão ontológica da filosofia ao entender que a linguagem é a morada do ser e o homem é o pastor do ente.
B - A ética de Epicuro funda-se no valor da pessoa como tal e na virtude como ato heróico.
C - Platão dizia "só sei que nada sei" e tinha como lema "homem, conhece-te a ti mesmo".
D - Teilhard de Chardin adotou a maiêutica como método para a interpretação da realidade.

QUESTÃO 40
A organização e acumulação de conhecimento são características do saber. Entre os vários tipos de saber, o saber ético aborda
A - o conhecimento místico transcendental, que considera o homem um ser religioso.
B - a aquisição do conhecimento científico feito por meio das pesquisas embasadas na física de Newton.
C - a moral enquanto epistemologicamente considerada.
D - os fundamentos técnicos do como fazer todas as coisas no ambiente em que se vive.

QUESTÃO 41
A respeito do conceito de ideologia, é correto afirmar que
A - a ideologia representa a sociedade tal como ela é, com os seus valores e com a sua cosmovisão do real.
B - ideologia é o conjunto das idéias dos grupos pensantes que atuam de modo dominante na sociedade.
C - ideologia é o mesmo que doutrina, pois ambas tratam de teorias.
D - o marxismo e o capitalismo são ideologias, mas não o neocapitalismo.

QUESTÃO 42
Tendo em vista a contribuição das aulas de filosofia para o desenvolvimento do senso crítico do aluno, assinale a opção correta.
A - Apenas o conhecimento dos filósofos europeus e a repetição das idéias dos filósofos para o seu correto entendimento são importantes.
B - A inteligência crítica dos problemas filosóficos deve ser o único objetivo a ser perseguido pelos professores de filosofia do ensino médio.
C - A filosofia é um saber ornamental, pois é o conhecimento que com o qual ou sem o qual se torna tal e qual.
D - A história da filosofia, inclusive a história da filosofia no Brasil, deve ser estudada para que, conhecendo-se os principais problemas filosóficos, possam ser elaborados novos questionamentos e soluções originais.

QUESTÃO 43
Acerca do pensamento filosófico e da relação entre ciência e filosofia, assinale a opção correta.
A - O conceito de ciência de Galileu toma por base a criação do universo tal como se encontra no livro do Gênese.
B - A expressão "revolução socrática", relacionada à filosofia na Grécia antiga, refere-se à atitude de passividade no sofrimento como algo até mesmo desejável, na medida em que, para Sócrates, seria melhor sofrer a injustiça do que cometê-la.
C - Ptolomeu aprofundou as descobertas de Copérnico com auxílio do telescópio.
D - O método indutivo é aquele que procede do singular, ou menos geral, para o universal, ou mais geral.

QUESTÃO 44
A respeito da questão ética, assinale a opção correta.
A - As virtudes naturais podem pertencer também a desonestos, mas as morais ou adquiridas requerem escolha racional motivadas por um esforço de perfeição moral.
B - A moral é a ciência do agir humano epistemologicamente considerada, enquanto a ética trata dos costumes e do comportamento do ser humano em geral.
C - Kant, na sua teoria moral, estabelece que se deve agir tomando por base os costumes sociais mais acertados da comunidade em que se vive; desse modo, minimizam-se os erros e maximizam-se os acertos.
D - O pirronismo é uma teoria ética que entende dever ser o prazer o fundamento primordial de toda ação humana.

QUESTÃO 45
Para que filosofia? - as evidências do cotidiano e a atitude filosófica. Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos afirmações como "onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não se resfriar". Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha". Em uma disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode gritar ao outro: Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu, e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: "Vamos ser objetivos, cada um diga o que viu e vamos nos entender". E se, em vez de afirmarmos que gostamos de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferíssemos analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Como se poderiam melhor entender e ensinar essas questões filosóficas? (Marilena Chauí. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2002, p. 7-9 - com adaptações).
Considerando o ensino da Filosofia e suas indagações na atualidade e a temática abordada no texto, assinale a opção correta.
A - A tradução do saber filosófico para o estudante diz respeito a questões de oratória e de como se apresentar adequadamente ao público.
B - O conhecimento ilustrativo e enciclopédico da filosofia é o fundamento do conhecimento de todas as coisas pelas suas causas últimas.
C - A importância do conhecimento filosófico decorre do esclarecimento dos conceitos e do entendimento da realidade.
D - A filosofia tem como função primordial ser caminho para a teologia e para o entendimento da divindade.

QUESTÃO 46
Considerando as estratégias didáticas para o ensino da filosofia, assinale a opção correta.
A - O professor deve manter um nível constante de exposição doutrinária, pois exemplificações podem confundir a essência teórica.
B - Nos tempos atuais, com o uso dos meios eletrônicos de comunicação, torna-se obsoleto o emprego de livros para o estudo da filosofia.
C - É recomendável a análise de questões atuais para exemplificar a temática filosófica abordada nas aulas.
D - O fundamento das indagações finalísticas impede a metafísica de abordagens práticas, devendo a estratégia didática se adaptar a esse contexto.

QUESTÃO 47
Entre os objetivos da Filosofia no ensino médio, inclui-se
A - preencher as lacunas da sociologia, da psicologia e da história conforme determina a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional.
B - desenvolver o educando com base nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo por base o seu pleno desenvolvimento, preparando-o para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
C - entender a filosofia no ensino médio como é entendida pela Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional, ou seja, como disciplina obrigatória da educação especial.
D - conceder o grau de Licença de Ensino Médio para a formação de futuros professores de Filosofia.

QUESTÃO 48
A respeito da metodologia e da contribuição das aulas de Filosofia para o desenvolvimento do senso crítico, é correto afirmar que
A - estudar a História da Filosofia não é fazer filosofia, ou seja, conhecer como os filósofos tentaram resolver os seus problemas ilustra e informa, mas não forma o senso crítico.
B - cartazes, flanerógrafos, projetores e retro-projetores são meios que podem ser usados nas aulas de filosofia, mas não nas atividades extra-classe, pois esses meios convidam à dispersão.
C - o desenvolvimento do senso crítico opera-se nas teorias filosóficas e não, nas teorias metafísicas, pois as teorias filosóficas falam da própria realidade e as metafísicas falam sobre a realidade.
D - a crítica, como algo negativo, deve sempre ser exercida sobre a opinião dos alunos, e não, sobre a opinião dos filósofos consagrados, que são os mestres da doutrina.

QUESTÃO 49
A respeito da Filosofia como componente da área de Ciências Humanas no currículo do ensino médio, assinale a opção correta.
A - A filosofia deveria ser considerada uma ciência exata pois a lógica, ciência do correto pensar, é parte fundamental da filosofia, e é uma ciência formal, matemática e simbólica.
B - O atual estado do mundo neocapitalista e tecnocrático, que quer resultados positivos, não deixa espaço para as filosofias que encarnam conhecimentos humanos, que são meramente opinativos.
C - O domínio do conhecimento da filosofia, entre outras disciplinas, é necessário, ao final do ensino médio, para o exercício da cidadania.
D - A filosofia é uma ciência humana, pois toda ciência é humana, não havendo nenhuma que queira ser desumana.

QUESTÃO 50
A respeito dos assuntos filosóficos abaixo abordados, assinale a opção correta.
A - A epistemologia é o estudo dos textos sagrados da filosofia contidos nas cartas do novo testamento.
B - A estética, a ética e a criteriologia ou gnoseologia fazem parte da filosofia prática.
C - Baumgarten foi o filósofo que criou a teoria da mônada, substância simples que agregada a outras constitui as coisas de que a natureza se compõe.
D - David Hume, filósofo empírico escocês, entre outras noções filosóficas, estudou e redefiniu a noção de causalidade.

GABARITO:
26B 27B 28D 29B 30C 31B 32D 33A 34D 35D 36B 37A 38A 39A 40C 41B 42D 43D 44A 45C 46C 47B 48A 49C 50D

Provas de Concursos e de Vestibular

(02/Fev) Professor de Filosofia - Prefeitura Municipal de Pelotas - RS - Fundação Conesul de Desenvolvimento - 2008

Conhecimentos Específicos

21. Supondo que a fórmula p v q é verdadeira, indique qual das fórmulas seguintes é necessariamente verdadeira.
a) p
b) p ^ q
c) ¬ ( p ^ q )
d) p - ( p v q )
e) ¬ ( (¬ p ^ ¬ q ) )

22. Existem diferentes maneiras, na linguagem ordinária, de exprimir negações, conjunções, disjunções, condicionais e bicondicionais. Tendo isto em vista, considere as seguintes sentenças:
1. A moralidade faz sentido caso exista o livre arbítrio.
2. Provar a existência de Deus é impossível.
3. Se algo é uma obra de arte, é criação de um artista e vice-versa.
4. O conhecimento é matéria da filosofia, mas a fé também.
5. Quanto às referências obrigatórias sobre o princípio da separação dos poderes, as alternativas são Locke ou Montesquieu.
6. Uma condição necessária para a felicidade é a confiança no futuro.
7. Os conhecimentos práticos são ou imperativos, enquanto tais contrapostos aos conhecimentos teóricos, ou fundamentos para imperativos possíveis, enquanto tais contrapostos aos conhecimentos especulativos.
Indique a alternativa correta.
a) (1) e (7) exprimem condicionais.
b) (2) exprime uma negação e (3) exprime uma disjunção.
c) (1) e (6) exprimem condicionais e (4) e (5) exprimem disjunções.
d) (6) exprime um condicional e (5) e (7) exprimem disjunções.
e) (2) exprime uma negação e (3) e (7) exprimem conjunções.

23. Vem, pois, e eu te direi - e tu, atenta para meu dito e leva-o contigo - os dois únicos caminhos de investigação em que se pode pensar. O primeiro, aquilo que é e que lhe é impossível não ser, é o caminho da convicção, pois a verdade é sua companheira. O outro, aquilo que não é e que precisa necessariamente não ser - esse, eu te digo, é uma trilha sobre a qual ninguém podem aprender. Pois não podes conhecer o que não é - isso é impossível - nem enunciá-lo, pois o que pode ser pensado e o que pode ser são o mesmo. Parmênides de Eléia, O Caminho da Verdade
A partir do texto, considerando a filosofia de Parmênides, indique a alternativa correta.
a) A identidade parmenídea entre pensamento e ser constitui um obstáculo à pensabilidade da mudança.
b) Para Parmênides, para cada forma de ser existe uma quantidade infinita de não-seres.
c) A relação entre ser e ser pensado, segundo Parmênides, é temporalmente estabelecida, de modo que depende das relações de anterioridade e posterioridade constitutivas de sua ontologia.
d) O conhecimento do não-ser, para Parmênides, depende da convicção e da verdade que lhe é associada.
e) A ontologia parmenídea estabelece uma distinção fundamental entre o enunciado do ser e a existência do ser.

24. A palavra "dor", por exemplo, deveria referir-se a certos tipos de comportamento, como o de gemer de dor, o contorcer-se etc.; ou então ela se refere à disposição de, em certas circunstâncias definidas, demonstrar tais comportamentos. O mesmo se aplica a termos menos comodamente relacionáveis ao comportamento, como "pensamento" e "eu". Dizemos que uma pessoa pensa, quando ela realiza certas ações ditas racionais, ou quando temos razões para crer que pode realizá-las; e isso deve ser o próprio pensamento. A palavra "eu", por sua vez, poderia referir-se a coisas como um corpo humano com certas características observáveis, a comportamentos desse corpo, a disposições comportamentais próprias desse corpo, as quais em circunstâncias adequadas se fariam observáveis, e nada mais. Pretender que palavras como "eu" e "pensamento" se refiram a mais do que isso seria (...) sinal de um preconceito subjetivista. Cláudio F. Costa. Ensaios Filosóficos
Indique qual das teses abaixo é defendida no trecho acima.
a) Diferentemente do que pensam os dualistas cartesianos, os acontecimentos mentais são meros epifenômenos.
b) Os eventos mentais podem ser analisados em termos comportamentais.
c) Os estados mentais são estados físicos do cérebro.
d) Conhecemos os conteúdos de outras mentes por analogia com a nossa vida mental.
e) Não podemos estabelecer uma conexão racional entre a nossa vida mental e o mundo físico.

25. (...) o homem moral, como o lógico e o artista, está realmente à procura da submissão. (...) O santo, como o pensador e o artista, já o disse nestas palavras: sinto-me mais em liberdade, disse São Paulo, precisamente quando sou mais escravo. Brand Blanshard. O Acaso a Favor do Determinismo
De acordo com o texto acima, indique a opção em que as duas asserções são verdadeiras, sendo a segunda uma justificação correta da primeira.
a) O autor se refere ao sentido político, e não ao sentido metafísico da liberdade porque, no sentido metafísico, a liberdade não pode ser entendida como "submissão".
b) O santo, o pensador e o artista são livres porque seguem um padrão determinado por um ideal impessoal.
c) A submissão voluntária é entendida como liberdade porque liberta o sujeito do compromisso de, a cada momento, fazer escolhas.
d) O artista é livre porque não está sujeito a regras.
e) O homem moral, o lógico e o artista se sentem livres porque abrem mão do seu livre arbítrio voluntariamente.

26. As teses abaixo referem-se à primeira das Meditações de Filosofia Primeira de Descartes.
I. O ponto de partida da primeira meditação é o princípio segundo o qual baseamos nossas crenças nos nossos sentidos.
II. O método da dúvida adotado na primeira meditação consiste em analisar cada uma das nossas crenças e suspender o juízo a respeito de cada uma delas.
III. O argumento cartesiano do sonho permite duvidar das nossas percepções dos objetos compostos, pois ele levanta a hipótese de que estes sejam construções da nossa imaginação.
IV. No argumento do sonho, Descartes apresenta a hipótese de que a vida seja um sonho gigante do qual nunca acordaremos porque não haveria onde acordar.
V. O argumento do deus enganador ou gênio maligno é a última etapa da dúvida cética da primeira meditação. Ele permite duvidar das verdades da matemática e da geometria que resistiram ao argumento do sonho.
São verdadeiros apenas os itens
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, III e IV.
e) II, IV e V.

27. Por matéria eu quero dizer aquilo que em si mesmo nem é uma coisa particular, nem uma certa quantidade (...) pelas quais o ser seria determinado. Pois há algo de que cada uma dessas coisas é predicado, cujo ser é diferente de cada um desses predicados (pois os outros predicados, que não a substância, são predicados da substância, ao passo que a substância é predicada da matéria). Logo, o substrato último não é em si mesmo nem uma coisa particular, nem uma quantidade particular nem positivamente caracterizada de outra maneira; nem, ainda, é a negação dessas coisas (...).
Se adotamos esse ponto de vista, então, segue-se que a matéria é substância. Mas isso é impossível, pois tanto a separabilidade como a estialidade* devem pertencer principalmente à substância. E assim forma e composto de forma e matéria e não [somente] a matéria, seriam pensados como o ser da substância.
Aristóteles, Metafísica
[*estialidade: o estado de existência objetiva ou a realidade de um ser]
A partir do texto, julgue os itens a seguir:
I. A matéria é uma coisa particular que determina o ser, segundo Aristóteles.
II. Aquilo de que coisas particulares e quantidades são predicados não é diferente deles - coisas particulares e predicados.
III. A substância é predicada da matéria, mas não se define somente como matéria, e sim como um composto de matéria e forma.
IV. Forma e matéria são as duas substâncias que determinam a substância composta.
V. Ainda que componha o ser substancial, a matéria não determina o ser substancial: a forma é o princípio de determinação do ser substancial.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) I e II.
b) IV.
c) V.
d) III e IV.
e) III e V.

28. No simples intuito de explicar didaticamente sua observância da vida comum e sem nenhuma pretensão a uma esquematização exaustiva e rígida, o pirronismo antigo ressaltava quatro aspectos que caracterizam nossa prática cotidiana conforme o fenômeno: em primeiro lugar, sentimos, por assim dizer, a orientação da natureza, servindo-nos, espontaneamente, de nossos sentidos e de nosso intelecto; cedemos também, como não poderia deixar de ser, à necessidade das afecções e de nossos instintos; de um modo geral, nos conformamos à tradição das instituições e costumes, inseridos que estamos num contexto sociocultural; finalmente, adotamos os ensinamentos das artes desenvolvidas por nossa civilização e incorporadas ao cotidiano da vida em sociedade. Nosso uso da linguagem comum se amolda obviamente a todas essas dimensões do cotidiano em que estamos mergulhados e nos sinaliza a profundidade de nossa inserção nele.
Osvaldo Porchat Pereira. Vida comum e ceticismo A partir do texto, no que se refere ao pirronismo, considere os itens a seguir:
I. O cético não pode viver de acordo com a sua filosofia, pois, ao suspender o juízo sobre as aparências, deve permanecer completamente inativo.
II. Para o pirronismo, o critério da orientação prática não é o juízo teórico, mas a aparência.
III. Uma filosofia pode ser considerada dogmática na medida em que toma o fenômeno como critério teórico.
IV. O pirronismo defende a aceitação passiva das instituições e dos costumes.
V. No que se refere ao critério da orientação prática, o pirronismo se caracteriza pela negação das aparências.
Estão corretos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) IV e V.

29. A primeira coisa que nos é dada é o fenômeno que, se estiver ligado a uma consciência, se chama percepção (...). Mas, porque todo fenômeno contém um diverso e, portanto, se encontram no espírito percepções diversas, disseminadas e isoladas, é necessária uma ligação entre elas, que elas não podem ter no próprio sentido. Há, pois, em nós uma faculdade ativa da síntese deste diverso, que chamamos imaginação, e a sua ação, que se exerce imediatamente nas percepções, designo por apreensão.
A imaginação deve, com efeito, reduzir a uma imagem o diverso da intuição; portanto, deve receber previamente as impressões na sua atividade, isto é, apreendê-las.
Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura
Considerando o texto de Kant, julg ue os itens seguintes.
I. A intuição, que corresponde à percepção, e a apreensão, que corresponde à síntese do diverso da intuição, são dois momentos distintos que estão na base de todo conhecimento empírico.
II. Observar já é interpretar, neste sentido: ver algo é vê-lo como algo.
III. O entendimento é, ele mesmo, uma faculdade de intuição, pois todo o conhecimento do entendimento é intuitivo.
IV. A imaginação, faculdade não limitada apenas às reproduções, é um ingrediente da própria percepção.
V. Um adulto e uma criança de dois meses podem apreender exatamente os mesmos dados sensíveis - mas enquanto o adulto vê, digamos, um microscópio, a criança pode não ver coisa alguma em particular.
Estão corretos apenas os itens
a) I, II e III.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.

30. O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não pode ser nada de tudo o que notei nele por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição encontram-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece. Talvez fosse como eu penso atualmente, a saber, que a cera não era nem essa doçura do mel, nem esse agradável odor das flores, nem essa brancura, nem essa figura, nem esse som, mas somente um corpo que um pouco antes me aparecia sob certas formas e que agora se faz notar sob outras. Mas o que será, falando precisamente, que eu imagino quando a concebo desta maneira?
René Descartes, Meditações Metafísicas
A partir do texto, assinale a alternativa correta.
a) O exemplo do pedaço de cera é um expediente utilizado por Descartes para introduzir um critério epistêmico estritamente racional e independente da sensibilidade.
b) Descartes usa esse exemplo para pôr em xeque a concepção clássica de matéria.
c) O exemplo do pedaço de cera evidencia que a sensibilidade tem uma função epistêmica necessária e suficiente na fundação do conhecimento científico.
d) A inteligibilidade da mudança do pedaço de cera, para Descartes, não depende dos sentidos, porque estes estão em constante mutação.
e) O exemplo do pedaço de cera é um expediente retórico que serve para introduzir a dúvida hiperbólica na economia das Meditações Metafísicas.

31. Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que a qualquer homem ou assembléia de homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seu representante), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse homem ou assembléia de homens, tal como se fossem seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em paz uns com os outros e serem protegidos dos restantes homens. É desta instituição do Estado que derivam todos os direitos e faculdades daquele ou daqueles a quem o poder soberano é conferido mediante o consentimento do povo reunido.
Thomas Hobbes, Leviatã
A partir do texto, considere os itens seguintes.
I. O direito natural hobbesiano conta com uma teoria do Estado como emanação: conseqüência natural da natureza humana.
II. A multidão que institui o Estado não é obrigada a votar nos mesmos candidatos a governantes, mas a autorizar o candidato que obtiver maioria a exercer o poder sobre todos os membros da multidão.
III. A autorização a um governante é garantia de uma comunidade de razão, voltada à maximização da felicidade geral.
IV. O critério da universalidade da representação política e não a escolha pela maioria, segundo Hobbes, é condição para a autorização dos atos do poder político, seja ele um homem ou uma assembléia de homem.
V. A paz e a proteção, não a felicidade e a fé na razão, justificam, para Hobbes, a autorização.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) I.
b) V.
c) IV e V.
d) II, III, IV.
e) II e V.

32. Na deliberação, o último apetite ou aversão imediatamente anterior à ação ou à omissão desta é o que se chama vontade, o ato (não a faculdade) de querer. Os animais, dado que são capazes de deliberações, devem necessariamente ter também vontade. A definição da vontade vulgarmente dada pelas Escolas, como apetite racional, não é aceitável. Porque se assim fosse não poderia haver atos voluntários contra a razão.
Thomas Hobbes, Leviatã
Considere os itens a seguir.
I. Para Hobbes, a vontade é necessariamente irracional.
II. O tratamento hobbesiano da vontade privilegia o ato sobre a potência.
III. O reconhecimento de que os animais têm vontade compromete Hobbes com a tese de que os animais têm direitos.
IV. O apetite racional, para Hobbes, é o elemento determinante da ação.
V. Atos voluntários contra a razão não são inteligíveis, segundo Hobbes, se a vontade é tratada como apetite racional.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) II.
b) I e II.
c) II, III e IV.
d) IV e V.
e) II e V.

33. Se Deus é racional, não ordena o impossível; se Deus governa todos os acontecimentos por meio da sua providência, pode garantir que não existam circunstâncias nas quais um homem se vê, sem culpa, confrontado com uma escolha entre atos proibidos. É claro que tais circunstâncias (com a cláusula "e não há saída" escrita na sua descrição) são suscetíveis de serem descritas de forma consistente; mas a providência divina assegura que não ocorrerão de fato.
Peter Geach. Deus e a alma
Pelas razões acima, Geach pretende justificar uma concepção
I. religiosa da ética segundo a qual as regras morais não admitem exceções.
II. utilitarista da ética, no sentido de que as regras morais têm um caráter universal.
III. kantiana da ética segundo a qual as ações têm um valor moral intrínseco prima facie.
IV. kantiana da ética, no sentido de que as regras morais têm um caráter absoluto.
V. segundo a qual as ações têm um valor moral intrínseco, compatível com a concepção aristotélica da ética.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) I e II.
b) I e IV.
c) I e II e IV.
d) III e IV.
e) III, IV e V.

34. A alienação do homem em relação ao homem aparece como conseqüência imediata do fato de que o homem se tornou estranho ao produto de seu trabalho, à sua atividade vital, ao seu ser genérico. E se homem se opõe a si mesmo ele também se opõe aos outros. O que é verdadeiro na relação do homem com seu trabalho, com o produto de seu trabalho e quanto a si mesmo, é verdadeiro na relação do homem com os outros, assim como quanto ao trabalho e ao objeto do trabalho dos outros.
Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos
A partir do texto, tendo em vista a crítica marxista à economia política e o papel da teoria da alienação nessa crítica, considere os itens a seguir.
I. A alienação é conseqüência imediata da natureza humana, que exige o trabalho para a sobrevivência.
II. A vida prática, marcada pelo trabalho, determina a consciência do homem da sua condição, enquanto ser humano genérico, frente a si e frente aos outros homens.
III. Segundo Marx, a guerra de todos contra todos é uma das conseqüências imediatas da natureza humana sob a alienação e isso é o que ele quer dizer com a noção de oposição.
IV. A consciência do trabalho e do objeto de trabalho dos outros homens é independente da relação que o indivíduo tem com o seu trabalho.
V. A alienação é conseqüência imediata do caráter alheio do produto de seu trabalho em relação ao que o indivíduo é enquanto ser humano que não se define exclusivamente como agente econômico.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) I.
b) II e V.
c) III.
d) III, IV e V.
e) II.

35. O Estado é a realidade efetiva da Idéia ética - o espírito ético enquanto vontade substancial, revelada, clara a si mesma, que se pensa e se sabe, que executa o que sabe e à medida em que o sabe. Ele tem sua existência imediata nos costumes, sua existência mediada na consciência de si, no saber e na atividade do indivíduo, assim como, por sua convicção, o indivíduo possui sua liberdade substancial nele [Estado], que é sua essência, seu fim e o produto de sua atividade.
G.W.F. Hegel, Filosofia do Direito
A partir do texto, indique a alternativa correta.
a) O Estado hegeliano é uma estrutura dogmática, que realiza sua vontade a despeito das consciências e sobre elas.
b) O Estado é o único fim e o que determina aquilo que os indivíduos são, segundo Hegel.
c) Ser a realidade efetiva da idéia ética significa ser aquilo que de ético há nos costumes e nas consciências que se sabem parte de uma totalidade que os ultrapassa e determina.
d) A liberdade do indivíduo independe dessa estrutura abstrata que funciona apenas como instrumento de controle de suas mentes.
e) Segundo Hegel, o Estado é o proprietário da força de trabalho dos homens.

36. Mas, se é preciso chamar "paz" a escravidão, a barbárie e a deserção, não há algo mais miserável para os homens do que a paz. Sem dúvida há entre pais e filhos maior número de conflitos e com mais intensidade que entre senhores e escravos; contudo, não é do interesse da economia doméstica mudar o direito paternal de modo a tornar as crianças escravos. Transferir todo o poder a um só homem é, portanto, ir em direção não da paz, mas da escravidão: a paz, com efeito, (...) não consiste na ausência de guerra, mas na união dos corações, quer dizer, na concórdia.
Baruch Spinoza, Tratado Político
A partir do texto, considere os itens a seguir.
I. Para Spinoza, a paz universal é condição necessária e suficiente para a delegação do poder político a um governante capaz de assegurar a vida em sociedade.
II. O poder político, segundo Spinoza, deve, antes de tudo, garantir a paz, ou seja, impedir a guerra de todos contra todos.
III. A liberdade, a justiça e a não-violência são os ideais reguladores de uma sociedade de concórdia, segundo Spinoza.
IV. A paz de uma sociedade não se define pela ausência de conflitos, mas pela ausência da escravidão, da barbárie e da subjugação a um poder transferido a um só indivíduo.
V. A paz não se define pela ausência de conflitos, mas pelo acordo racional de todos, pactuado segundo regras racionais estabelecidas a priori.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) I, II e V.
b) I, IV e V.
c) III e IV.
d) IV.
e) V.

GABARITO:
21E 22D 23A 24B 25B 26C 27E 28C 29D 30A 31E 32E 33B 34B 35C 36D

Provas de Concursos e do Vestibular
(01/Ago) Professor de Filosofia - 2007 - Estado SP - VUNESP

FORMAÇÃO ESPECÍFICA DO PROFESSOR - FILOSOFIA


31. No romance Emílio, o princípio básico do programa educacional de Rousseau consiste
(A) na liberdade orientada pela razão.
(B) em abandonar-se à voz dos instintos.
(C) no desenvolvimento do senso estético.
(D) em cultivar a instrução livresca.
(E) no constrangimento físico e moral.

32. "O exemplo clássico de subjetividade é Dom Quixote. Da primeira vez que fez um elmo, ele experimentou sua capacidade de resistir a golpes, e viu que não prestava; na segunda vez, já não experimentou, mas "supôs" que se tratava de um bom elmo. Esse hábito de "admitir" coisas dominou-o por toda a vida. Qualquer recusa a reconhecer fatos desagradáveis tem a mesma origem. (...) Leva-nos a admitir que temos um bom elmo, quando, de fato, qualquer espada poderia abri-lo de alto a baixo. Nesse sentido, somos conduzidos à preguiça mental e, finalmente, ao desastre." (Bertrand Russell, Da Educação)
Do ponto de vista de Russell, semelhante hábito mental deve ser substituído por meio
(A) dos interesses da moral.
(B) da educação estética.
(C) da investigação lógica da linguagem.
(D) da atitude científica.
(E) do engajamento político.

33. Somente os soldados são cantores. Algum cantor não é fumante. Conclui-se, logicamente, que
(A) algum soldado é fumante.
(B) algum soldado não é fumante.
(C) algum fumante não é soldado.
(D) algum cantor é fumante.
(E) algum fumante não é cantor.

34. Assinale a alternativa em que o argumento indutivo estabelece sua conclusão de modo mais forte.
(A) Todos os passageiros desse trem carregam de 10 a 18 moedas. Carlos é passageiro desse trem. Logo, Carlos carrega de 14 a 16 moedas.
(B) Todos os passageiros desse trem carregam de 12 a 18 moedas. Carlos é passageiro desse trem. Logo, Carlos carrega de 13 a 15 moedas.
(C) Todos os passageiros desse trem carregam de 12 a 20 moedas. Carlos é passageiro desse trem. Logo, Carlos carrega de 12 a 15 moedas.
(D) Todos os passageiros desse trem carregam de 12 a 20 moedas. Carlos é passageiro desse trem. Logo, Carlos carrega de 13 a 15 moedas.
(E) Todos os passageiros desse trem carregam de 12 a 18 moedas. Carlos é passageiro desse trem. Logo, Carlos carrega de 12 a 16 moedas.

35. "Considere a crença de um homem, que foi hipnotizado, de que a crença nele induzida pelo hipnotizador, qualquer que seja ela, é falsa; e suponha que essa é a crença que o hipnotizador induziu." (R. Chisholm, Teoria do Conhecimento)
Logo, a crença em questão
(A) equivale a uma tautologia.
(B) está corroborada pelos fatos.
(C) envolve uma contradição lógica.
(D) é um juízo sintético a priori.
(E) tem probabilidade de 50%.

36. É logicamente necessário que p. Segue-se que
(A) é logicamente possível que não-p.
(B) não é logicamente possível que p.
(C) é logicamente necessário que não-p.
(D) não é logicamente necessário que p.
(E) não é logicamente possível que não-p.

37. Pensei que meu barco fosse maior do que ele é. Mediante uma análise lógica da linguagem, pode-se reconhecer que a sentença anterior envolve
(A) uma petição de princípio.
(B) uma ambigüidade estrutural.
(C) uma dupla negação.
(D) um imperativo hipotético.
(E) um experimento crucial.

38. "Dizer que aquilo que é não é, ou que aquilo que não é é, é falso, ao passo que dizer que aquilo que é é, ou que aquilo que não é não é, é verdadeiro." (Aristóteles, Metafísica)
Observe as seguintes afirmações:
I. Verdade e falsidade são características de proposições.
II. Verdade e falsidade são características das coisas.
III. "Ser" e "não ser" são elementos componentes de proposições.
IV. "Ser" e "não ser" expressam a existência ou inexistência das coisas.
V. A verdade consiste na correspondência entre proposições e coisas.
Dentre as afirmações acima, as que expressam corretamente a concepção aristotélica de verdade e falsidade na passagem citada são apenas
(A) I, III e V.
(B) I, II e V.
(C) II, III e IV.
(D) III, IV e V.
(E) II, IV e V.

39. "Mas se mãos tivessem os bois, os cavalos e os leões e pudessem com as mãos desenhar e criar obras como os homens, os cavalos semelhantes aos cavalos, os bois semelhantes aos bois desenhariam as formas dos deuses e os corpos fariam tais quais eles próprios têm."
"Os egípcios dizem que os deuses têm nariz chato e são negros,os trácios, que eles têm olhos verdes e cabelos ruivos."(Xenófanes de Colofão, Fragmentos)
A intenção desse filósofo pré-socrático com essas afirmações é
(A) negar a existência de divindades.
(B) afirmar a existência de divindades animais.
(C) criticar uma concepção antropomórfica da divindade.
(D) estabelecer a tese de que não há conhecimento.
(E) afirmar a existência de uma única divindade.

40. "Se o sábio alguma vez der assentimento a algo, às vezes opinará; mas o sábio nunca tem opiniões; portanto, o sábio não dará assentimento a nada".(Cícero, Acadêmicos)
Esse argumento do cético acadêmico Arcesilau, dirigido contra o estóico Zenão e sua definição de sábio, pressupõe algumas teses. Observe agora as afirmações a seguir:
I. Há uma distinção entre conhecimento e opinião na definição de sábio.
II. É possível ao sábio distinguir o verdadeiro do falso.
III. O sábio vive imune às paixões.
IV. Não é possível ao sábio distinguir o verdadeiro do falso.
V. Onde há opinião, não há sabedoria.
Dentre as afirmações acima, estão pressupostas no argumento apenas
(A) I, II e III.
(B) II, III e IV.
(C) III, IV e V.
(D) I, IV e V.
(E) I, II e V.

41. "Tornamo-nos construtores ao construirmos e nos tornamos citaristas ao tocarmos cítara. Assim também, executando ações justas nos tornamos justos; e, executando ações moderadas,nos tornamos moderados." (Aristóteles, Ética a Nicômaco)
Assinale a afirmação que expressa corretamente a definição de virtude contida na passagem acima.
(A) A virtude é produto do hábito.
(B) A virtude é uma técnica.
(C) A virtude é conhecimento.
(D) A virtude é o meio-termo entre dois vícios.
(E) Não há diferença entre virtude e vício.

42. "Na tua opinião, será que pode existir alguém mais feliz do que aquele que tem um juízo reverente acerca dos deuses, que se comporta de modo continuamente destemido a respeito da morte, que bem compreende a finalidade da natureza, que discerne que o máximo bem está nas coisas simples e fáceis de obter, e que o máximo mal ou dura pouco ou nos causa sofrimentos breves?" (Epicuro, Carta a Meneceu)
Das afirmações que seguem, assinale aquela que, segundo a doutrina epicurista, está em conflito com as teses defendidas por Epicuro no trecho transcrito.
(A) A felicidade consiste na saúde corporal e na tranqüilidade da alma.
(B) Bem e mal residem nas sensações e a morte é a privação das sensações.
(C) Felizes e imortais, os deuses punem os maus e recompensam os bons.
(D) O adequado conhecimento dos desejos permite evitar os que são inúteis.
(E) A conduta sábia busca o prazer e evita a dor.

43. "Foi Zenão o primeiro a dizer, no seu tratado Sobre a natureza do homem, que a felicidade é viver em concordância com a natureza, o que significa viver conforme à virtude; pois a natureza nos conduz a ela." (Diógenes Laércio, Vidas dos Filósofos VII)
Essa é uma das principais teses do estoicismo. Considere agora estas afirmações:
I. O mundo é um ser vivo, racional, animado e inteligente.
II. As naturezas dos homens são partes da natureza do todo.
III. Deus é causa do movimento do mundo.
IV. Corpo e alma se relacionam de modo incognoscível ao homem.
V. A alma humana é um fragmento da alma do Mundo.
Dentre as afirmações acima, fornecem fundamentação metafísica para a citada tese de Zenão apenas
(A) I, III e V.
(B) II, III e IV.
(C) II, IV e V.
(D) I, II e V.
(E) I, II e IV.

44. "É evidente que não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade... Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e esta o particular. Por "referir-se ao universal" entendo eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que, por liame de necessidade e verossimilhança, convêm a tal natureza." (Aristóteles, Poética)
Assinale o conceito aristotélico que fundamenta essas características da poesia.
(A) Reprodução.
(B) Verificação.
(C) Versificação.
(D) Argumentação.
(E) Imitação.

45. "Dizemos que a finalidade do cético é a tranqüilidade nas matérias de opinião...Pois, tendo começado a filosofar para julgar as representações e apreender quais são verdadeiras e quais são falsas, de modo a obter a tranqüilidade, deparou com uma discordância de igual força; e, não podendo decidi-la, suspendeu seu juízo sobre ela. Estando em suspensão de juízo, ocorreu-lhe casualmente a tranqüilidade nas matérias de opinião." (Sexto Empírico, Hipotiposes Pirrônicas)
Em virtude dessa descoberta do cético pirrônico, assinale qual deverá ser seu procedimento para manter-se no estado de tranqüilidade.
(A) Afirmar que as coisas são como aparecem.
(B) Negar que as coisas são como aparecem.
(C) Opor a todo argumento um argumento igual.
(D) Manter-se em absoluto silêncio e completamente inativo.
(E) Recusar-se a reconhecer os dados sensíveis.

46. "Deixaríamos que aos dois, ao justo e ao injusto, fosse permitido fazer o que quisessem; depois iríamos atrás deles observando para onde a paixão conduziria cada um. Em flagrante apanharíamos o homem justo a buscar o mesmo alvo que o injusto, por causa da ambição de possuir sempre mais, ambição que toda natureza busca como um bem e da qual, à força, a lei a desvia para levá-la ao respeito da eqüidade." (Platão, A República)
Assinale a afirmação que está em conflito com os comentários acima.
(A) Não há diferença natural entre o justo e o injusto.
(B) Existe um bem natural.
(C) Ninguém é naturalmente justo.
(D) Natureza e lei se complementam.
(E) A lei reprime as paixões.

47. "Por onde conheces aquela unidade segundo a qual julgas os corpos? Pois se não a visses, não poderias julgar que estes não a alcançam perfeitamente; e se a visses com olhos corporais,não dirias com razão que eles distam muito da unidade, embora contenham algum vestígio dela? Pois com olhos corporais só vês coisas corporais. Donde se segue que é com a mente que a vemos. Mas onde a vemos? Se ela se encontrasse ali onde está o nosso corpo, seria inacessível ao que, no Oriente, formula juízos idênticos sobre os corpos. Portanto ela não está restrita a nenhum lugar particular; e, visto estar presente a quem quer que julgue de acordo com ela, segue-se que não está em parte alguma do espaço, e que não há lugar algum em que ela se não se encontre com sua eficácia." (Santo Agostinho, Da Verdadeira Religião)
Assinale a afirmação que expressa o conteúdo do texto.
(A) O conhecimento da unidade nos corpos é obtido pela observação dos mesmos.
(B) A unidade dos corpos é um elemento intelectual do conhecimento que somente pode estar presente no espírito.
(C) A unidade dos corpos é conhecida ao examinarmos como eles se situam em termos de espaço e tempo.
(D) Não há unidade dos corpos, mas apenas pluralidade e diversidade.
(E) A unidade dos corpos depende do ponto de vista que assumimos em relação a eles.

48. "Assim, pois, como há muitos homens de gosto pervertido, que preferem o verso à própria arte da versificação, por anteporem o ouvido à inteligência: assim, muitos homens amam as coisas temporais, isto é, históricas, mas ignoram a Divina Providência que origina e dirige os tempos, e por causa de seu apego temporal, não querem que passe aquilo que amam. Sua insensatez é comparável à daquele que, ao ouvir recitar um poema famoso, desejasse ouvir sempre uma só e mesma sílaba." (Santo Agostinho, Da Verdadeira Religião)
A afirmação que expressa o conteúdo do texto é:
(A) Na hierarquia proposta por Santo Agostinho, o intelecto é superior aos sentidos e essa superioridade deve servir de critério para julgarmos as coisas e os acontecimentos.
(B) A sucessão temporal das coisas particulares é o que deve sobretudo reter nossa atenção quando desejamos conhecer a verdade.
(C) Como cada coisa possui a sua particularidade no espaço e no tempo, devemos conhecer as coisas de modo separado da totalidade.
(D) O objeto do amor humano deve ser buscado na diversidade das coisas temporais.
(E) Não existe qualquer critério superior às coisas singulares a partir do qual possamos avaliá-las.

49. Assinale, dentre as afirmações a seguir, aquela que expressa a concepção de causalidade em Tomás de Aquino.
(A) Tudo ocorre por intermédio de causas naturais e de acordo com o encadeamento físico das causas e efeitos, por meio do qual podemos conhecer os modos pelos quais se constituem os eventos, sem recorrer a qualquer causa extranatural.
(B) Deus, como criador do universo, é a única causa atuante, qualquer que seja o gênero de eventos ou relações, de modo que o conhecimento de qualquer efeito no mundo supõe que o relacionemos diretamente com Deus como causa primeira e única.
(C) Nosso conhecimento, devido às suas limitações, não alcança qualquer relação de causalidade e assim nada podemos saber acerca de como se determinam os eventos do mundo.
(D) As causas são entidades ideais que só existem na mente.
(E) Deus é a causa primeira de tudo que existe, o que não impede que exista um sistema de causalidade segunda, a partir do qual podemos conhecer, de maneira relativamente autônoma, o sistema do mundo existente.

50. Assinale a afirmação que expressa a doutrina da alma em Tomás de Aquino.
(A) A alma é a forma do corpo, entendendo-se por isso uma funcionalidade biopsíquica que não sobrevive ao corpo.
(B) A alma é forma substancial do corpo, portanto sua essência,e essa diferença autoriza a afirmar a imortalidade da alma.
(C) Alma e corpo são completamente distintos a ponto de não podermos compreender como estariam unidos na condição atual do homem.
(D) O que chamamos de alma é apenas a função intelectiva da matéria.
(E) A alma é imanente ao corpo no sentido de uma forma que tão-somente organiza a matéria.

51. Assinale a alternativa que caracteriza corretamente a concepção de conhecimento em Tomás de Aquino.
(A) Conhecemos todas as coisas exclusivamente em Deus e por Deus.
(B) O conhecimento é exercido pela alma e, portanto, é exclusivamente intelectual ou conceitual.
(C) Devido à nossa condição sensível, estamos restritos unicamente ao conhecimento empírico.
(D) O processo de conhecimento inclui primeiramente a percepção sensível e depois a abstração intelectual.
(E) Qualquer conhecimento verdadeiro só pode ser fornecido pela fé.

52. O método científico, tal como caracterizado por Galileu, consiste basicamente em
(A) experiências sensatas e demonstrações necessárias.
(B) induções por enumeração e argumentos transcendentais.
(C) intuições evidentes e silogismos categóricos.
(D) amostragens aleatórias e inferências estatísticas.
(E) observações diretas e cálculo diferencial e integral.

53. Assinale a afirmação correta quanto ao conhecimento em Descartes.
(A) As percepções sensíveis são fundamento do conhecimento.
(B) O instrumento privilegiado do conhecimento é o silogismo.
(C) O preceito de clareza e distinção é a primeira regra do método de conhecimento.
(D) A união substancial é critério de objetividade.
(E) O paradigma de conhecimento é a lógica formal.

54. Na quarta parte do Discurso do Método, dentre as características da essência de Deus listadas, a mais genérica é a
(A) eternidade.
(B) onisciência.
(C) onipotência.
(D) perfeição.
(E) imutabilidade.

55. Nas Meditações, Descartes apresenta o exemplo do pedaço de cera, que sofre modificações ao aproximar-se do fogo. Uma das conclusões obtidas nessa análise de Descartes é que
(A) a quantidade de movimento na matéria nem sempre se conserva.
(B) todo corpo é uma substância pensante.
(C) a natureza da cera é conhecida apenas pelos sentidos exteriores.
(D) a concepção que se tem da cera realiza-se na faculdade da imaginação.
(E) só concebemos os corpos pelo entendimento.

56. Indique a conjunção de características que define o conhecimento em Leibniz.
(A) Realismo; atomismo; ceticismo.
(B) Inatismo; determinismo; finalismo.
(C) Contingência; empirismo; criticismo.
(D) Imaterialismo; ocasionalismo; convencionalismo.
(E) Dialética; materialismo; logicismo.

57. Assinale a definição correta de idéia segundo Locke.
(A) Idéia é sempre uma intuição intelectual.
(B) Idéia é uma representação metafísica da realidade.
(C) Idéia é conhecimento virtual presente no espírito.
(D) Idéia é tudo que se encontra na mente.
(E) Idéia é representação inata que possibilita o conhecimento.

58. "Sendo os homens, por natureza, todos livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar consentimento. A maneira única em virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas em juntar-se e unir-se em comunidade para viverem com segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando garantidamente das propriedades que tiverem e desfrutando de maior proteção contra quem quer que não faça parte dela. Qualquer número de homens pode fazê-lo, porque não prejudica a liberdade dos demais; ficam como estavam na liberdade do estado de natureza." (John Locke, Segundo Tratado sobre o Governo Civil)
A alternativa que expressa as idéias expostas no texto é:
(A) A sociedade civil consiste na união de homens livres por natureza, para que todos em conjunto possam melhor desfrutar de suas propriedades.
(B) Somente quando unidos numa sociedade civil os homens podem desfrutar da liberdade.
(C) É o poder vigente na sociedade civil que institui a propriedade, razão pela qual deve prover os meios de sua preservação e proteção.
(D) Liberdade e propriedade não existem no estado de natureza, e essa seria a principal razão que levaria os homens a unir-se na sociedade civil.
(E) Os laços que unem os indivíduos na sociedade civil provêm de mecanismos de coerção, e não da livre concordância de todos.

59. "Constato que posso produzir idéias em minha mente à vontade, variá-las e mudá-las sempre que achar adequado. Basta querer e imediatamente esta ou aquela idéia surge em minha mente, e pelo mesmo poder são apagadas e dão lugar a outras. Por produzir e desfazer idéias a mente é com justeza considerada ativa...Mas, qualquer que seja o poder que tenha sobre meus próprios pensamentos, constato que as idéias realmente percebidas pelos sentidos não têm semelhante dependência de minha vontade. Quando abro meus olhos pela manhã, não está em meu poder escolher se verei ou não, ou determinar que objetos se apresentarão à minha visão; o mesmo vale para a audição e os outros sentidos. As idéias neles impressas não são produtos de minha vontade. Há, portanto, alguma outra Vontade ou Espírito que as produz." (George Berkeley, Princípios do Conhecimento Humano)
Considere estas afirmações:
I. Uma idéia não pode ser causa de outra idéia.
II. As idéias dos sentidos independem da vontade de quem as percebe.
III. Toda idéia deve ter uma causa.
IV. A mente pode ser ativa e passiva.
Considerando-se a doutrina de Berkeley, estão pressupostas nesse raciocínio, dentre as afirmações acima, apenas
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) III e IV.
(E) I e IV.

60. "Entendo pelo termo impressão, portanto, todas as nossas percepções mais vívidas, sempre que ouvimos, ou vemos, ou sentimos, ou amamos, ou odiamos, ou desejamos ou exercemos nossa vontade. E impressões são distintas das idéias, que são as percepções menos vívidas, das quais estamos conscientes quando refletimos sobre quaisquer umas das sensações ou atividades acima mencionadas." (David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano)
Assinale a afirmação que está em conflito com o texto supracitado.
(A) Toda impressão é percepção.
(B) Toda idéia é percepção.
(C) A diferença entre impressão e idéia é de grau.
(D) Toda percepção é impressão.
(E) Toda sensação é impressão.

61. "Se todo homem tivesse a sagacidade suficiente para perceber sempre o forte interesse que o liga à justiça e à equidade, bem como o vigor mental suficiente para aderir com firme perseverança a um interesse geral e distante, em oposição aos encantos e vantagens de prazeres momentâneos, nesse caso nunca teria existido tal coisa como o governo ou a sociedade política; mas cada homem, seguindo sua liberdade natural, viveria em completa paz e harmonia com todos os demais." (David Hume, Investigação sobre os Princípios da Moral)
Assinale a alternativa que expressa as idéias desse texto.
(A) Governo e sociedade civil são absolutamente necessários para que haja paz e harmonia entre os homens.
(B) Os homens podem, no estado atual de suas faculdades mentais, estabelecer naturalmente relações baseadas na paz e na harmonia.
(C) Os homens necessitam de governo e sociedade política porque não são suficientemente inteligentes para perceberem por si mesmos a utilidade da justiça, da eqüidade, da paz e da harmonia como o interesse de cada um e de todos.
(D) O homem, por natureza, jamais poderia exercer a sua liberdade e ao mesmo tempo viver em paz e harmonia com os demais.
(E) E) Os homens são suficientemente sagazes para fazerem conciliar sempre a liberdade individual e o interesse geral.

62. "Mas, ainda que a razão seja suficiente, quando plenamente assistida e aperfeiçoada, para instruir-nos acerca das tendências úteis ou perniciosas das qualidades ou ações, somente ela não é suficiente para produzir aprovação ou censura moral. A utilidade é apenas uma tendência para um certo fim, e se o fim nos fosse completamente indiferente, seríamos igualmente indiferentes aos meios. Para que se escolham as tendências úteis e não as perniciosas é indispensável que se manifeste o sentimento. Esse sentimento é sempre o enaltecimento da felicidade da humanidade e a indignação frente ao seu sofrimento, pois são esses os diferentes fins que a virtude e o vício tendem a promover." (David Hume, Investigação sobre os Princípios da Moral)
Assinale alternativa que expressa as idéias do texto acima.
(A) A razão é plenamente suficiente para as avaliações morais e para a escolha da ação mais adequada à realização dos fins.
(B) Quando se trata de escolhas morais, o sentimento é ao mesmo tempo o único critério de opção e o único instrumento de ação.
(C) A razão e o sentimento se opõem um ao outro de modo absoluto e assim não podem estar ambos presentes na vida moral.
(D) A virtude promove o bem e o vício conduz ao mal, independente da interferência da razão e do sentimento.
(E) A razão nos informa acerca da utilidade das ações e o sentimento aprova ou desaprova essas ações na medida em que se mostrem conformes à realização da felicidade.

63. No contexto geral da filosofia crítica de Kant, a imortalidade da alma é
(A) apenas um dogma da religião.
(B) um postulado da razão pura prática.
(C) uma especulação metafísica comprovadamente falsa.
(D) uma proposição teórica demonstrável pelo entendimento.
(E) uma hipótese experimental da psicologia.

64. O juízo de gosto, em Kant, tem como características:
(A) ser singular e ter universalidade subjetiva.
(B) ser interessado e ter universalidade objetiva.
(C) ter interesse prático e ser particular.
(D) ser desinteressado e ter universalidade objetiva.
(E) ser interessado e ser um juízo estético.

65. Com as perguntas O que posso saber? e O que devo fazer?
Kant caracteriza interesses da razão, que são, respectivamente:
(A) metafísico e teológico.
(B) antropológico e científico.
(C) teórico e prático.
(D) científico e religioso.
(E) estético e psicológico.

66. Segundo a Enciclopédia das Ciências Filosóficas, de Hegel, a arte
(A) é uma das figuras do espírito absoluto.
(B) é uma das figuras do espírito subjetivo.
(C) é uma das figuras do espírito objetivo.
(D) não é uma figura do espírito.
(E) é um mero dado da intuição.

67. Na visão positivista de Augusto Comte, o espírito humano
passa por três estágios em seu desenvolvimento. O estágio
mais avançado é o
(A) mitológico.
(B) científico.
(C) metafísico.
(D) teológico.
(E) fictício.

68. "Toda arte, toda filosofia, pode ser considerada como meio de cura e de auxílio a serviço da vida que cresce, que combate: pressupõe sempre sofrimento e sofredores. Mas há duas espécies de sofredores, primeiro os que sofrem de abundância de vida, que querem uma arte dionisíaca e, do mesmo modo, uma visão e compreensão trágicas da vida - e depois os que sofrem de empobrecimento de vida, que procuram por repouso, quietude, mar liso, redenção de si mesmo pela arte e pelo conhecimento, ou então a embriaguez, o espasmo, o ensurdecimento, o delírio". Essa passagem, extraída de A Gaia Ciência, de Nietzsche, evoca a relação do autor com o trágico e o dionisíaco. A mesma relação foi tratada em outro livro de Nietzsche, O Nascimento da Tragédia.
Assinale a alternativa que expõe corretamente algum aspecto dessa relação em algum dos livros.
(A) Em A Gaia Ciência, tal relação implica necessariamente assumir um pessimismo romântico.
(B) Em O Nascimento da Tragédia, tal relação é pensada exclusivamente a partir da metafísica de Schopenhauer.
(C) Em ambos os livros, tal relação mantém o mesmo vínculo com a noção de apolíneo.
(D) Em A Gaia Ciência, tal relação é pensada como teorização da música de Wagner.
(E) Em ambos os livros, tal relação funciona como critério para valores estéticos.

69. "Eis, portanto, a questão que se coloca e que tenho por essencial.Uma vez que todo ensaio de filosofia puramente conceitual suscita tentativas antagonistas e que, no terreno da dialética pura, não há sistema ao qual não se possa opor outro, permaneceremos nesse terreno ou não deveríamos, antes, (sem renunciar, é óbvio, ao exercício das faculdades de concepção e de raciocínio), retornar à percepção, conseguir que ela se dilate e se estenda?" (Henri Bérgson, O Pensamento e o Movente)
Assinale a alternativa que expressa as idéias do texto acima.
(A) Como a única forma possível de filosofar é um exercício puramente conceitual, haverá sempre uma disputa interminável entre diferentes sistemas montados a partir de diversas combinatórias de conceitos, todas formalmente coerentes.
(B) A única saída para os conflitos insolúveis que se dão entre as filosofias elaboradas segundo uma dialética pura é a renúncia ao exercício das faculdades de concepção e de raciocínio.
(C) É da própria natureza da filosofia que um sistema suscite o surgimento de outro que se lhe opõe.
(D) Como conceito e percepção se opõem, o único método possível para a filosofia passa exclusivamente pela elaboração conceitual.
(E) Se utilizarmos não apenas o formalismo conceitual, mas também a percepção, ampliada e dilatada, encontraremos um critério real para decidir entre as possibilidades de conhecimento e, assim, chegar à verdade.

70. Sobre a moral de nobres e moral de escravos, na Genealogia da Moral, de Nietzsche, pode-se dizer que, segundo o autor,
(A) a confluência de ambas se dá uma moral prescritiva.
(B) a moral de escravos é fruto do ressentimento.
(C) a moral dos nobres é uma redenção cristã.
(D) a moral dos nobres se constrói por oposição à moral dos escravos.
(E) a moral de escravos é ativa no seu fundamento.

71. Para Pierre Duhem, "o físico nunca pode submeter ao controle da experiência uma hipótese isolada, mas somente todo um conjunto de hipóteses; quando a experiência está em desacordo com as suas previsões, ela lhe ensina que pelo menos uma das hipóteses que constituem esse conjunto está errada e deve ser modificada, mas ela não lhe mostra aquela que deve ser modificada". Essa abordagem da confirmação empírica pode ser adequadamente caracterizada como
(A) dedutiva.
(B) narrativa.
(C) probabilista.
(D) reducionista.
(E) genealógica.

72. Em sua filosofia das ciências empíricas, Karl Popper sustenta que todas as proposições científicas são hipóteses refutáveis pela experiência. Desse ponto de vista, segue-se que
(A) o método científico é indutivo.
(B) as proposições científicas não são verdadeiras nem falsas.
(C) a certeza não é objetivo das ciências empíricas.
(D) as melhores teorias cientificas são apenas prováveis.
(E) as hipóteses científicas são simples convenções.

73. No livro Idéias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica, de Husserl, podem ser distinguidas duas direções de investigação. Se uma delas pode ser chamada de orientação natural, a outra, em contrapartida, pode ser nomeada como orientação fenomenológica. Segundo o autor, podemos associar as duas orientações, respectivamente,
(A) à ciência e à teologia.
(B) ao objeto puro e simples e ao objeto intencional.
(C) à lógica formal e à metafísica.
(D) à crítica do conhecimento e à psicologia.
(E) às ciências naturais e ao dogmatismo.

74. Nas Investigações Filosóficas, Wittgenstein considera uma linguagem que se refere apenas às experiências privadas de um falante, que só este pode conhecer. Em sua análise, Wittgenstein conclui que essa linguagem privada
(A) pode ser traduzida em uma linguagem pública.
(B) é a primeira linguagem que aprendemos.
(C) é inteligível apenas ao próprio falante.
(D) não é uma linguagem possível.
(E) é a linguagem das leis do pensamento.

75. "O homem está condenado a ser livre." (Jean-Paul Sartre)
Assinale a alternativa que expressa a idéia dessa frase de Sartre.
(A) As ações humanas seguem um padrão de rigorosa necessidade.
(B) A liberdade humana é uma crença produzida pela imaginação.
(C) O homem é totalmente livre, e não pode deixar de sê-lo, porque não possui qualquer essência que o predetermine.
(D) O homem é livre em alguns de seus atos e determinado em outros.
(E) A natureza humana comporta um destino ao qual o homem não pode furtar-se.

76. "A metafísica não é uma construção de conceitos graças aos quais poderíamos tornar nossos paradoxos menos sensíveis - é a experiência que temos deles em todas as situações da história pessoal e coletiva e das ações que, ao assumi-los, os transformaram em razão. É uma interrogação que não comporta respostas que a anulem, mas somente ações resolutas que a transladam sempre para mais longe. Não é o conhecimento que viria a terminar o edifício dos conhecimentos; é o saber lúcido daquilo que os ameaça e a consciência aguda de seu preço." (Maurice Merleau-Ponty, O Metafísico no Homem)
Assinale a alternativa que expressa a concepção de metafísica formulada por Merleau-Ponty no texto.
(A) A metafísica é uma ciência exata.
(B) A metafísica é impossível como conhecimento objetivo.
(C) A metafísica é o coroamento de todo o sistema do saber.
(D) A metafísica é um método para solucionar questões que estão além das fronteiras da ciência.
(E) A metafísica é uma constante interrogação pela qual o homem enfrenta os paradoxos que estão envolvidos no conhecimento e na ação.

77. A metafísica pode ser entendida, segundo Heidegger, como
(A) a história do esquecimento do ser.
(B) o estudo das categorias aristotélicas.
(C) a análise da língua grega.
(D) o desenvolvimento da física.
(E) a história do desvelamento do ser.

78. "Na época das técnicas de reprodução, o que é atingido na obra de arte é a sua aura", escreve Benjamin, em A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica. Isso se dá, segundo o texto, porque a técnica de reprodução, entre outras coisas,
(A) deixa de captar todos os detalhes do objeto reproduzido.
(B) não respeita o material original da obra.
(C) promove um abalo da tradição, ao multiplicar as cópias do objeto ou evento.
(D) desvia-se das intenções do autor da obra.
(E) não universaliza suficientemente o objeto reproduzido.

79. "O mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em mera objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este conhece-os na medida em que pode manipulá-los. O homem da ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las."
"A essência do esclarecimento é a alternativa que torna inevitável a dominação. Os homens sempre tiveram de escolher entre submeter-se à natureza ou submeter a natureza ao eu. Com a difusão da economia mercantil burguesa, o horizonte sombrio do mito é aclarado pelo sol da razão calculadora, sob cujos raios gelados amadurece a sementeira da nova barbárie. Forçado pela dominação, o trabalho humano tendeu sempre a se afastar do mito, voltando a cair sob seu influxo, levado pela mesma dominação."(Adorno e Horkheimer, Dialética do Esclarecimento)
Considerando esses dois trechos da Dialética do Esclarecimento, assinale a alternativa que expressa as idéias aí apresentadas.
(A) O esclarecimento resulta da ciência contemporânea.
(B) A economia mercantil burguesa é imune ao mito.
(C) O esclarecimento elimina a alienação.
(D) A dominação também mitifica.
(E) O domínio sobre a natureza não é objetivo do esclarecimento.

80. "A luta de classes, que um historiador educado por Marx jamais perde de vista, é uma luta pelas coisas brutas e materiais, sem as quais não existem as refinadas e espirituais." Essa passagem é retirada da tese 4 de Sobre o Conceito da História, de Walter Benjamin. O tipo de historiador referido por Benjamin é
(A) um historiógrafo.
(B) um idealista transcendental.
(C) um historiador pluralista.
(D) um racionalista.
(E) um materialista histórico.

Gabarito

31-A 32-D 33-B 34-E 35-C 36-E 37-B 38-A 39-C 40-D
41-A 42-C 43-D 44-E 45-C 46-D 47-B 48-A 49-E 50-B
51-D 52-A 53-C 54-D 55-E 56-B 57-D 58-A 59-B 60-D
61-C 62-E 63-B 64-A 65-C 66-A 67-B 68-E 69-E 70-B
71-A 72-C 73-B 74-D 75-C 76-E 77-A 78-C 79-D 80-E

1 opniões e sugestões:

Anônimo disse...

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